Fernando Ferreira quis provar que aparelho não faz mal aos animais.
Ele é coordenador do Centro de Zoonoses de Americana (SP).
Fernando Vicente afirma ter colocado microchip na nuca há pouco mais de um ano (Foto: César Rodrigues/ AAN)
Para provar que o pequeno dispositivo é seguro, não causa dor ou riscos à saúde, o coordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Americana, Fernando Vicente Ferreira, de 32 anos, diz ter colocado há pouco mais de um ano um microchip na nuca. O objetivo era convencer donos de cães e gatos da cidade, que fica a 127 km de São Paulo, a fazer o mesmo com seus bichinhos de estimação.
“Se o problema é garantia, se eu colocar em mim (o microchip), você coloca no seu animal?”, perguntava Ferreira a todos os que viam o método de identificação sob a pele com desconfiança. Cansado de tanto receio, ele mesmo pediu que introduzissem o objeto do tamanho de um grão de arroz no corpo.
“O objetivo é que as pessoas tenham responsabilidade pelos animais”, contou Ferreira ao G1 na quarta-feira (8). Segundo ele, “microchipar” cães e gatos com informações deles e de seus donos é uma forma de evitar que os bichos se percam e até prevenir para que não sejam abandonados.
“Uma vez que a pessoa identifica o animal, não o solta na rua. E, se o fizer, será punido”, explicou o coordenador do CCZ, citando a lei federal 9605/2008. De acordo com ela, quem cometer maus-tratos contra os bichos pode pegar de três meses a um ano de prisão.
Assim como na cidade de São Paulo, em Americana, desde 2007, cães e gatos vendidos ou doados devem ter o microchip. Ele contém dados como raça, cor, peso, o endereço e o nome de seu dono. Ferreira calculou que, entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, 1,2 mil cachorros e gatos tenham recebido o microchip na cidade. A implantação dele nos consultórios veterinários custa, segundo ele, entre R$ 50 e R$ 70.
Sem dor
Ferreira garantiu que o aparelho sob a pele, colocado por um amigo que trabalha com piercings, não mudou em nada sua vida. “Não influencia no comportamento, não provoca dor, não atrapalha. É como um brinco”. Para lembrar a todos que é “microchipado”, tatuou no local um código de barras. “Se passar a mão você sente, mas a olho nu não vê”, afirmou.
Segundo Ferreira, não há uma legislação clara que verse sobre o microchip em humanos, mas ele torce para que isso aconteça. “Acredito que esse é o futuro. Não precisaremos mais carregar documentos”, brincou.
Há 17 anos
O empresário José Carlos Padovani, de 55 anos, é veterano em microchip. Tem dois implantados no corpo há 17 anos. “Um em cada braço”, disse. Dono de uma empresa que fabrica e comercializa o equipamento, Padovani contou que implantou os equipamentos porque também queria provar aos clientes a inexistência de riscos para os animais. Muito menos para os humanos.
“Não causa mal nenhum”, disse. O empresário explicou que o microchip é capaz de guardar dados precisos, como as vacinas que aquele animal tomou e até a quais substâncias ele seria alérgico. O microchip vendido por ele é feito de polipropileno biocompatível e anti-migratório, medindo 11,5 mm x 2 mm. É injetado por meio de uma seringa.
Riscos
O imunologista Clóvis Galvão, do Departamento de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo, explicou que o microchip é um corpo estranho no organismo. Sendo assim, há riscos de inflamações, formação de nódulos ou abscessos. Mas há um tempo para isso. “Se não aconteceu em menos de um ano, não vai acontecer mais.”
De acordo com ele, os problemas ocorrem, geralmente, entre 4 e 8 semanas. “Se não houve rejeição nesse período, não deve ter problema”, apostou o médico, que disse não conhecer casos de pessoas que tenham sido prejudicadas pela implantação do microchip sob a pele.
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